quinta-feira, 2, maio, 2024
26 C
Cuiabá

Mulheres quilombolas nas ciências é tema de pesquisa

Mais lidos

Por: Luiz Carlos Bezerra/Ascom

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) integra o projeto “Mulheres Quilombolas nas Ciências”, uma pesquisa multicêntrica que reúne universidades do Norte, Nordeste e Amazônia Legal em torno do aprimoramento e articulação de políticas públicas de acesso e permanência nas universidades. As ações do projeto, iniciadas em dezembro do último ano, propõem investigar os modos de produção de subjetividades no tocante à experiência das mulheres quilombolas nas ciências.

Coordenado pela docente Dolores Galindo, professora permanente do Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (PPGECCO) da UFMT, o projeto parte de dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, que revele a população de  1.327.802 quilombolas no país.

“O debate acadêmico sobre o acesso e permanência desta população à educação superior se encontra em construção. Ainda segundo IBGE, o Nordeste é a região do país com a maior população quilombola, sendo a Bahia o estado com maior quantitativo,  397.059 pessoas, 29,90% da população quilombola recenseada, seguida do Maranhão (nos dois estados tem-se 50,17% da população quilombola)”, destacou a coordenadora.

Dolores Galindo conta ainda que são escassas as pesquisas sobre acesso e permanência de mulheres quilombolas nas universidades ou sobre formação de doutoras quilombolas e fixação das egressas dos programas de pós-graduação. “O recorte proposto, que envolve as regiões com maior presença de quilombolas no país, marca a originalidade desta pesquisa e amplia sua relevância social”, ressaltou.

Mato Grosso, quilombos e educação superior

Da UFMT, a docente e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (Nepre), conta que o projeto de fato propicia a produção de conhecimento sobre a inserção desse segmento da população brasileira com pouca visibilidade, do ponto de vista das políticas públicas. “Acredito que os resultados da pesquisa poderão subsidiar e melhorias das políticas afirmativas em curso, assim como a proposição de outras que elegem por beneficiárias as mulheres quilombolas”,

“Como exemplo temos na Universidade o Programa de inclusão quilombola nos cursos de graduação, e contempla quilombolas na política de reservas de vagas na pós-graduação. Com isso, a pesquisa deste projeto poderá evidenciar os pontos fortes e frágeis, com intuito de fortalecer as ações já existentes, possibilitando que essas mulheres tenham condições para ingressar, concluir e obter êxito na sua trajetória profissional, em especial do conhecimento científico”, disse.

Sobre esse cenário atual, Dolores Galindo conta que no âmbito do Governo Federal, o Ministério da Educação tem adotado medidas para promover o acesso de estudantes quilombolas ao ensino superior. “Vejo também que é fundamental compreender que também a permanência configura uma das dimensões necessárias para garantir a efetividade dessas ações, fortalecendo diferentes formas de aprimoramento das políticas e programas voltados às estudantes quilombolas”, destacou.

A docente complementa que o racismo acadêmico, a misoginia, discriminação em virtude do sexo feminino, e a discriminação racial, de modo interseccional, tem determinado as escolhas acadêmicas feitas por mulheres negras, no que tange à área do conhecimento que atuam, quanto a permanência e a visibilidade daquelas que escolhem a área de ciências. “Este lugar, que não só ultrapassa, mas subverte muitas vezes a lógica do ambiente doméstico, precisa ser ressignificado sob a perspectiva das mulheres negras”, ressaltou.

O projeto apoia-se numa pesquisa-intervenção que utiliza fontes orais e documentais, orientada por um olhar interseccional. Foi aprovado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de 2023. Também participam do projeto as universidades Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

- Publicidade -
960x120
- Publicidade -

Últimas notícias

Feito com muito 💜 por go7.com.br